Ontem tivemos mais um debate entre os presidenciáveis José Serra e Dilma Rousseff, e novamente eu não assisti até o fim. Aliás, os outros (acho que foram dois) não vi nem mesmo o começo. Não que eu não ache interessante, pois assisto até mesmo o Domingão do Faustão, Raul Gil e o programa da Eliana, por que não assistiria esse duelo eleitoral?! O problema é que trabalho no dia seguinte e, sinceramente, tenho mais o que fazer.
Não acredito que haja verdadeiramente diferença entre Serra e Dilma. Não vejo nessa campanha, e menos em outras, motivos para apegar-se a qualquer um dos dois como "tábua de salvação". Haveria motivos para apreciarmos com mais interesse esses debates se estivéssemos elegente um governo totalitário ou ditador, de quem o modelo de governar fosse oriundo de seus pensamentos, de seus ideais, de sua experência de vida, e não é bem assim. Aliás, não é nem um pouco assim.
O cargo executivo de presidente da república é uma cadeira meramente representativa, e no aspecto mais superficial do emprego do termo "representativo". Tome como exemplo o governo do presidente Lula. Se dependesse exclusivamente dele, o Brasil seria a república do milho, da mandioca, da macacheira e da cachaça. Ainda bem que o governo "bravileiro" (de acordo com a dicção do "previdente") nesses anos todos foi tocado por ministros e outras cabeças, bem mais preparadas que a do homem de Garanhuns.
Os debates mantém essa ilusão, a de que são eles quem governarão. Não se consegue vislumbar ao fundo um governo constituído de várias cabeças pensantes, mas apenas enxerga-se, de um lado, a mulher baixinha, de costas largas, cabelos curtos e pronúncia em um tom de voz que parece querer imitar um homem, e do outro, um cidadão de idade avançada, com urgência de ser presidente agora, e não nas próximas eleições, valendo-se de um currículo político apoucado, somente pomposo diante do vazio de sua adversária.
Vorarão em Dilma porque ela é mulher. Votarão em Dilma, porque esperam agradecer a Lula pelo que ele não fez (foram seus envolvidos no governo que tocaram o país nestes anos). Votarão também em Serra, não porque ele mereça ou convença, mas para protestar. Não protestar contra o governo Lula, mas sim contra o modelo democrático e político que vemos ao longo de década se perpetuar, mesmo que governe partido A, B ou C. Alguns que já se encorajaram, não comparecerão às urnas. Outros cederão à imposição da obrigatoriedade do voto, que é um direito questionável, uma vez que chega a ser obrigatório.
Não adianta refletir muito sobre o que se viu ontem no último debate, e em nenhum outro. A senhora Dilma, ou o senhor Serra, qualquer um dos dois serão tão essenciais para o caminho que o Brasil trilhará nestes próximos quatro anos quanto o cabide é importante para o paletó. São as organizações institucionais que dirigem o país, das quais o executivo é apenas mais uma. Nossa democracia mascara ainda um governo de tutela. Pode colocar como presidente até um palhaço, como o Tiririca, por exemplo, que a coisa segue. Mal ou bem, o Brasil segue...no piloto automático.
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