A ponte de madeira parecia frágil diante das água, e assim, julguei que ela seria a primeira a ceder à força imperativa na natureza. A ponte de cimente armado continuava imponente e firma, brigando contra o volume que contra ela se chocava. Junto a água, descia também rio abaixo um misto de objetos que se desprendera das margens, e que cada quilômetro ia juntando-se a mais objetos, avolumando aquela superfície de "tranqueragem" que o rio trazia.
Eram paus, troncos de árvores, animais mortos, móveis velhos e plástico, entre outras cosias. Notei então que a ponte de madeira não retinha o entulho que boiava na superfície do rio. Cada troco de árvores, por ela passava, um a um, assim como outros componentes naquela enchente. Mas logo abaixo, a ponte de concreto ia retendo, uma a uma daquelas coisas. Ela não deixava passar nada, por pequeno e insignificante que fosse.
O resultado foi que a ponte imponente de concreto acabou por reter um volume tão grande de objetos trazidos pela enchente que se rompeu e cedeu à força das águas. Enquanto isso, a frágil ponte de madeira, uma simples travessia de pedestres, por não reter nada que o rio trazia, continuou firme no lugar de sempre.
O que aprendi com a ponte foi que não é bom ficarmos retendo tudo, filtrando todas as coisas, "tintim por Tintim", sob o risco de acabarmos nos sobrecarregando e cedendo à força imperiosa de todas essas coisas juntadas num só lugar, por nós mesmos. E o pior é quando esse lugar está muito perto de nós, ou melhor, está dentro de nós. É nosso cérebro, é o nosso coração, é o nosso corpo ou o nosso espírito. O melhor é deixar fluir, como fez a ponte pequena e assim sobreviveu à enchente.
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