Marcelo foi para a Índia a trabalho. A empresa para qual ela trabalhava precisou abrir um escritório naquele país emergente e ele tinha a missão de estabelecer relações com os asiáticos em um negócio estava dando certo. Lá ele conheceria a bela Anisha, uma indiana de cabelos negros, pele morena e olhos de amêndoas.
Anisha era filha do dono de um dos restaurantes onde Marcelo costumava almoçar. Desde que a conheceu, ele passou a frequentar o lugar, que ficava às margens do rio sagrado. Das águas do Ganges o vento trazia um cheiro desagradável, mas nada que impedisse a beleza das tardes douradas, quando Marcelo se punha à porta do restaurante, para ver a bela deixar o comércio de seu pai na companhia de outras mulheres e saírem para um ritual religioso praticado ao pôr do sol.
Foi numa dessas tardes orientais quando ele conseguiu desvencilhar-se da vigília empreendida pelos conservadores das tradições indianas e aproximou-se da bela Anisha, com quem, após um curto período de tempo, casou-se.
Após mêses de um romance ardente, fecundo de ternuras e da certeza de que o amor é real, que Anisha veio a adoecer. A doença de Anisha poderia ser tratada com antibióticos em um hospital brasileiro, mas infelizmente não foi o que aconteceu. Por uma série de questões, não econômicas, mas principalmente culturais, Anisha não pode deixar o país e morreu em menos de uma semana.
Em um ritual de purificação, seu corpo foi entregue às águas do rio Ganges e Marcelo o viu boiando por três dias até desaparecer por completo.
O tempo passou e aquelas imagens jamais deixaram a memória de Marcelo ter paz. Vez ou outra ele fecha os olhos e vê o Ganges levando embora o grande amor de sua vida, posta envolta em flores sobre uma grade de madeira, vestida com roupas festivas. Essas lembranças põem uma lágrima em seu olhar onde quer que ele esteja. Ele jamais deixará de amar Anisha e de odiar a Índia.
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