sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Depois da onça abatida todos querem fazer pose de caçador

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Um empresário que cresceu no setor de logística e transportes tem prazer em expor seu primeiro caminhão no enorme pátio da sede da empresa, uma imponente construção moderna e bem estruturada, banhada por duas importantes rodovias. Diariamente mais de cem mil condutores de veículos veem o logotipo da empresa, prova da perspicácia do empresário na escolha certa da localização do assentamento de sua empresa, com facilidade de acessos e visibilidade por todos os lados. O totem com a logomarca é uma verdadeira rosa-dos-ventos.

Pois bem, de autônomo a microempresário, e de microempresário a médio, e hoje, gozando do status de grande empresário do setor, ele trassou uma trajetória de muitas lutas, perseverança e recomeços sem ter na bagagem nenhum curso superior que atingisse, ainda que por tabela, a atividade exercida no campo de logística. Só a experiência e a sensibilidade em saber que o melhor produto de uma empresa é a satisfação dos seus clientes foram aquilo que lhes serviram de assessoria e training.

Depois de tudo pronto, no entanto, a empresa passou por uma reformulação de sua estrutura organizacional e administrativa, aderindo métodos e filosofias trabalhistas que surgiram na poeira do pós-guerra, com a revolução industrial, mesclando conceitos orientais, como, por exemplo, os "Cinco Sensos", que são: seire(Seleção), seiton(Ordenação), seisoh(Limpeza), seiketsu(padronização) e shitsuke(disciplina). Criou-se então um departamento que cuida destes "cinco sensos" e que perpassa por todos os setores da empresa, envolvendo todos os colaborados com um compromisso de praticar esses tópicos no dia-a-dia.

O departamento dos "cinco sensos", que na corporação fora adaptado com parte do nome da empresa, de certo para melhor integração dos envolvidos, resgata o passado da empresa com imagens que mostram um "antes e depois" da implementação do referido método de controle de qualidade. O antes, revela ambiente despojado, por assim dizer, com certo grau de desorganização no que tange a disposição de objetos, móveis e equipamentos. O depois, revela uma organização clínica e militar, onde cada objeto tem uma etiqueta identificando o nome, a função e o local para ser guardado de acordo com o setor a que pertence.

Até ai, tudo bem. A coisa pega mesmo é quando eu analiso o seguinte: o empresário construiu um império sem a ajuda dos tais "Cinco Sensos", e só depois que tudo foi construído em um ambiente bagunçado, com muito trabalho, visão e perspicácia, surge o tal método, agora arvorado como causa do sucesso da corporação. O que penso? Santa bagunça! Santa desordem! Foi nestas condições que a empresa surgiu, cresceu e se estabeleceu em seu setor de mercado. Agora, se depois de construído o altar continuam surgindo novos santos para o mesmo milagre, ai já é outra história. É como quando, depois de morta a onça todos poem um pé sobre o cadáver, com cara de valente.

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