sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Programação das tardes na TV - reality shows dos horrores

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Analise com sinceridade o cenário deprimente e moralmente depreciável no qual está soterrada a sociedade contemporânea. Não apenas fator dessa depreciação, mas também servindo de indicativo, veja a televisão brasileira.

Antes de oferecer mais argumentos, quero justificar porque cito a televisão: simples, ela é o meio de comunicação de massa mais abrangente, mesmo em tempos de internet, e reproduz o gosto médio, a mídia, daquilo que o povo consome em forma de entretenimento e ocupação durante boa parte do tempo. 

Pois bem, continuando, note que enquanto criminosos matam, sequestram, esquartejam, impõem terror, barbarizam, degolam, estupram, roubam, etç e etç, alguns programas da tarde, já de longe tachados de "sensacionalistas", sob o pretexto de jornalismo, narram minuciosamente detalhes cruéis da violência, tratando como game a vida particular de vítimas e algozes.

Mostram mães desesperadas, mulheres aterrorizadas, homens aos berros clamando por justiça, crianças vítimas da mais cruel sorte imposta por adultos motivados por sentimentos estranhos, uma população gemendo sob o descaso das autoridades, a incerteza da justiça de um lado e a certeza da impunidade de outro, como uma base para a marcha infernal que toca a humanidade rumo às fileiras de uma desordem geral que se prenuncia inevitável.

Pelo menos duas emissoras disputam a audiência por programações mórbidas desta natureza e se revezam na missão de transmitir más notícias. E não apenas as transmitem, mas as repetem várias, exaustivas e inúmeras vezes, chegando a rebuscar gravações antigas, mesclando-as a episódios mais recentes, fazendo compilações de terror com com as quais amedrontam a cidade com mais força que os arautos da inquisição, tudo em nome de uma marca no Ibope. 

Assassinatos são reproduzidos em câmera lenta, narrados friamente em pseudo-reportagens quase tão desumanas quanto os próprios atos que as desencadearam, enquanto ele vomitam bravatas a partir dos estúdios superprotegidos e climatizados de suas emissoras, de onde após saem em seus carros luxuosos blindados por entre alamedas largas, rumos aos melhores restaurantes e ambientes de glamour onde desfrutam de ilhas de paz em meio ao caos que reproduzem de boca cheia.

Acredito que esses apresentadores se assustam até mesmo com a própria sombra, tal é o estado de nervos coletivo que infundem, mas é através destas notícias que salvam a pauta sangrenta de seus reality shows dos horrores. Eles sabem que a população que os assistem são como cães que lambem o próprio ferimento, agravando-o em errada busca por cura. E se isso lhes dá audiência, insistem com o sensacionalismo, pois precisam bancar seus cartões de créditos.

Eles entram nas casas desse populacho, através de seus programas, com a boca a desandar horrores, mas quem quiser tente se aproximar de um deles em algum lugar público, como "atrapalhar" eles em alguma concessionária de veículos enquanto compram seus belos automóveis, por exemplo. Certamente será impedido por seguranças, mesmo aquele que tentar elogiar o que erroneamente entende como serviço de utilidade pública. Fora de seus estúdios, eles querem mais é paz, a paz que em seus programas dizem que não mais existe.

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