sábado, 23 de fevereiro de 2013

Quem levamos para a cama na hora do sexo?

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Alguém perfeito? Um corpo sarado? Uma fantasia? Fazemos sexo com nós mesmos enquanto usamos o corpo da outra pessoa como acessório, muitas vezes dispensável, facilmente substituído pelas mãos, dedos ou objetos e fetiches. Fazemos sexo com uma peça de roupa. Com a fragrância de um perfume, de um cosmético, ou a lembrança de um odor marcante, inesquecível, impregnável marca de uma experiência curta e distante que nos acompanha.

De quem é o sexo? Quem liga para o nosso sexo? É de cada um, importa para cada pessoa. O sexo é nossos medos, temores e tremores, nossas ansiedades e sedes insaciáveis da alma, que nunca é preenchida. Jamais achamos a medida certa. O sexo é só a ponta de um descontentamento, um vício. É o cúmulo do egoísmo, quem espera? Por quem, pra quem, por que? Quem quer saber? Do nosso sexo somos escravos. Dos dos outros somos desapegados, desinteressados. Olha, eu faço, pouco importa a voce! A vida passa e eu estou fazendo enquanto posso, mas se voce perder esse bonde, é problema seu. Se voce nele embarca, pendura-se e vai junto, a mim não interessa nenhum pouco. Tanto faz, tanto fez.

Vamos dar aula de sexo, vamos ensinar como se faz? De modo algum. Dê sexo para quem quiser. Qualquer interesse alheio é ilegítimo. Se voce vai bem ou mal, nenhum fio de meus cabelos embranquece. O tempo desaparece e logo voce será esquecido. Seus ossos secos na terra nenhum desejo lhe trarão. Nem as moscas se interessam. Por que importaria aos outros? Mas enquanto se mexe, voce é extremamente sexual. Vende seu charme na padaria, no açougue, no salão, no ateliê. Afinal, é de quem o seu sexo? Quem o detém, quem o prende que o domina? Ninguém é de ninguém.

Agora lembro a garota cheia de sonhos, que usa o corpo, os lábios, as mãos de um jogador de futebol para fazer sexo com seu príncipe imaginário. Algo produzido por suas ilusões eróticas sobre o homem perfeito, o príncipe encantado. Quando descobre que ele fez sexo consigo mesmo para provar aos amigos que é gostoso, quando cola as fotos de uma transa nos muros dos estádios e imprime sua marca grosseira nas nádegas da dignidades dos sonhos que ela defendeu até bem pouco tempo, culpa-o ao tribunal, porque já não o tem nem nunca o terá. Foi traída pelo próprio desejo. Precisa achar culpado além de si. Ela chora e comove um juiz que finge não saber o que é o sexo. Sexo é isso, é brincar com o outro. É pedir emprestado um corpo e através dele realizar desejos indizíveis. O outro nunca vai ser exato. Jamais será uma conexão perfeita com o que idealizamos. E fazemos sexo com o que idealizamos. Sempre ficaremos cada vez mais sois conosco, depois do sexo. É um pega e pronto. Só a maturidade nos dará condições de o admitir. Por isso, sexo é para gente grande. 

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