sexta-feira, 29 de março de 2013

Mulheres vítimas de violência no Brasil são antes de tudo reféns

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A violência em si é um fato nefasto. Ela se requinta de covardia e crueldade quando é aplicada por homens, superiores em força física e portadores de habilidades que não são próprias das mulheres. Enquanto as mulheres executam tarefas como cuidar da casa e dos filhos, os homens, na maioria das vezes quando isso acontece, trabalham em serviços braçais.

Até mesmo o trabalho físico nas academias de ginástica diferencia-se para homens ou mulheres: eles buscam ganhar maça muscular enquanto elas buscam aperfeiçoar os contornos femininos. Eles querem força, elas, beleza. Em fim, não é preciso muitos argumentos para falar dessa disparidade em um corpo a corpo entre homens e mulheres, não é mesmo?

Há casos e casos em nossa sociedade em que a mulher, antes de sofrer uma violência capital do companheiro com quem vive, casada ou maritalmente, ela vivencia um estado de refém perante os olhos da sociedade. As pessoas até tem conhecimento desse estado, porém se reservam de interferir por compreender e assimilar aquele adágio que diz: "entre briga de marido e mulher ninguém mete a colher".

São situações em que a mulher trabalha o dia inteiro, muitas vezes elas entram no trabalho às 11:00hs da manhã, porque antes tem que fazer a refeição de seu cônjuge, dar café da manhã para os filhos e levá-los à escola. Desta forma, saem do trabalho e chegam em casa tarde da noite, depois deles. Enquanto elas não chegam, seus homens gastam o tempo no bar, esperando a mulher chegar do trabalho para fazer a janta.

Se eles as esperassem apenas para fazer a janta, seria injusto, mas mesmo assim, menos triste do que aquilo que a realidade revela no fim da história. Alguns, embriagados, molestam suas esposas e batem nos filhos, tocando o terror no lar, produzindo pessoas doentias para a sociedade futura.

Pense no drama aterrorizante a que essas mulheres se submetem! Chegar em casa às 22 horas e ainda pedir um bujão de gás à vizinha para fazer a refeição da noite. Depois, ainda ser espancada, claro, antes de servir sexualmente um canalha deste tipo. Trabalhando menos do que elas, pois começam em seus empregos por volta das 8 da manhã e saem às 5 da tarde. Elas, como já disse, muitas vezes começam no mesmo horário que eles, mas seus turnos incluem tarefas domésticas, antes de trabalho no emprego, e depois, ainda trabalham quando chegam em casa. 

Lamento que neste estado de exaustão uma mulher ainda tenham que aturar xingamentos, bofetadas, quando não são mortas. Morrer depois de um dia de trabalho pelas mãos do companheiro, que geralmente deixa a casa e os filhos a cargo dela, é realmente muito triste. É essa a situação de muitas mulheres no Brasil: um estado de reféns, antes de terem suas vidas perdidas por estes homens.

A Lei Maria da Penha não tem protegido essas mulheres, porque não há como colocar um policial dentro de casa para as proteger. E é no lar, na privacidade do ambiente privativo, que elas encontram seus cativeiros. A justiça só toma uma posição mais efetiva quando há vítimas fatais. Mas ai já é tarde demais. Mesmo assim, redução de pena, quando há julgamento, é o máximo que a lei impõe a esses assassinos cruéis, que tem neste sistema legal um reforço à sensação de impunidade para exercer autoridade sobre a mulher.

Por trás desse deplorável fato ratificado, reduções de pena, habeas corpus, indultos, avaliações de "bom comportamento", réu primário, ausência de periculosidade, crimes não vistos como hediondos, levam muitos criminosos a responderem em liberdade ou a receberem indultos, quando nem mesmo a prisão perpétua seria uma pena à altura daquilo que cometeram.

Acredito que deveríamos começar nos indagar se esses assassinos são mesmo os únicos culpados. Até que ponto nossas leis frouxas no trato desta questão, os legisladores as fazem, não são também culpados, é algo bom para cada um se perguntar. 

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