sexta-feira, 29 de junho de 2012

Escatologia

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Ao nascer logo descobri que não sabia muita coisa, mas ao menos tinha muita sorte.
Aos 10 anos eu descobri que não tinha toda essa sorte, mas ao menos era muito querido.
Aos 20 anos eu descobri que não era tão querido assim, mas ao menos era muito jovem.
Aos 30 anos eu descobri que não era tão jovem assim, mas ao menos era muito talentoso.
Aos 40 anos eu descobri que não tinha todo esse talento, mas ao menos contava com muitos amigos.
Aos 50 anos eu descobri que não tinha tantos amigos, mas ao menos tinha uma boa memória.
Aos 60 anos eu descobri que não tinha toda essa memória, mas ao menos tinha experiência de vida.
Aos 70 anos eu descobri que não possuía toda a experiência de vida, mas ao menos tinha uma boa história para contar.
Aos 80 anos, essa história acabou, antes mesmo que eu descobrisse que ninguém tem toda a sorte que pensa ter, que ninguém tem o conhecimento que supõe, nem toda a aceitação, nem mesmo toda a juventude, ou todo talento, nem mesmo todos os amigos, nem toda a memória ou a experiência que imagina ter, nem grande história para contar. Ninguém é pleno em nada. O tempo é exíguo, e nossas forças, limitadíssimas. Por isso, e só por isso, não alcançamos Deus em nossa jornada. Ele parte conosco, mas de nós se distancia enquanto caminhamos e nos descobrimos humanos.

2 comentários:

  1. Nossa, Tarcicio, que maravilha de texto! Mostrou a m**** que é, mesmo, nossa vidinha que achamos tão interessante. Sem Deus não dá, né? ;-) Vivemos, vivemos, como podemos (às vezes como queremos), mas no final, não tem jeito: morremos! rs Abração!

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    1. rsrsr Verdade Shirley. Um beijo e obrigado por comentar.

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