sábado, 26 de janeiro de 2013

Mulheres, objetos dos homens

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No cristianismo, no judaísmo ou no islamismo a mulher ocupa um papel questionável na sociedade.
Dos pontos de vista religiosos: muçulmano, cristão e judaico, a mulher é inferiorizada em relação ao homem. Se esta afirmação que faço lhe ofende, tente explicar porque o substantivo "homem" denomina o gênero humano, toda a humanidade, não apenas, em princípio, o ser humano do gênero masculino. Por que a humanidade não é denominada pelo ser humano do gênero feminino? Isso revela como a humanidade se educou ao longo da existência indubitavelmente privilegiando o homem em relação a mulher. E essas religiões não tem um dedo nessa culpa?

Fica difícil afirmar se as religiões acima são culpadas sozinhas(cito-as apenas com base na importância delas na formação do caráter do indivíduo humano), já que outros fatores podem ter importâncias não desprezíveis, ou se elas também ocuparam um papel refletor de uma tendência puramente humana. Valendo essa última hipótese, fica-nos a tarefa de separarmos o indivíduo humano da influência religiosa. Leve em conta "influência religiosa" não necessariamente sobre quem assume religiosidade, mas a todos, porque a religião engloba todas as formas de crença ou descrença em algo superior ao homem que vá além da natureza, o chamado sobrenatural. Assim, o ateísmo, bem como toda a luta humana em desacreditar Deus, equivale a uma religião, pois ninguém racionalmente se esforçaria em negar a existência de algo que acredita não existir.

Na Bíblia, o que vale para cristãos(católicos, ortodoxos e evangélicos) e judeus, no livro de Gênesis(origem), o homem é descrito como uma criação única de Deus. O livro mostra que por algum tempo permaneceu assim e tudo estava perfeito aos olhos do Criador. A Bíblia mostra que Deus fez o homem segundo sua imagem e semelhança. Assim, olhe para o homem e veja com que o Criador é semelhante. Deus então institui uma ordem para que o homem a cumpra quando ainda a mulher não existe. Desta feita, Adão recebe seu nome diretamente de Deus(até mesmo porque não existia nenhum humano antes dele que o nomeasse), enquanto a mulher recebe seu nome dado por Adão.

Leve em conta o que há por trás da importância em se nomear algo ou alguém. Na cultura hebraica, por exemplo, o poder de nomear algo ou alguém é indicativo de uma posição superior ao que é nomeado. Ao nomear Eva, sua mulher, Adão, tanto do ponto de vista pessoal como do genérico, toma posição de superioridade em relação à mulher nomeada. Assim, Adão é superior à Eva, bem como o homem o é em relação a mulher, segundo a Bíblia, embora os religiosos e teólogos tentem amenizar os efeitos dessas constatações através de interpretações que sejam melhor aceitas pelas exigências politicamente corretas da sociedade contemporânea. Esse inegável conceito instituído na Bíblia é tão evidente que já os primeiros cristãos sentiam seu peso, o que levou por mais de uma vez o próprio apóstolo Paulo a tentar amenizar seu estigma, uma vez que não se pode, segundo a própria Bíblia, revogar o que está escrito. "A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no o marido; e também da mesma maneira o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no a mulher".(1 Coríntios 7:4). Isso fica ainda mais explícito quando o apóstolo dá orientações sobre como as mulheres deveriam se portar na igeja: "As vossas mulheres estejam caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei." O apóstolo Paulo, profundo conhecer da Lei (Antigo Testamento), sabia da severidade nela contida acerca da inferioridade com que a mulher estaria sujeita em relação ao homem. Algo como "e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará"(Gênesis 3:16).

Note como ele põe homem e mulher lado a lado, mesmo não querendo contrapor a Lei, numa situação de igualdade. A mesma atitude teve o apóstolo Pedro: "Igualmente vós, maridos, coabitai com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco; como sendo vós os seus co-herdeiros da graça da vida; para que não sejam impedidas as vossas orações."(1 Pedro 3:7).  No discurso de Pedro, embora comparada a um "vaso mais fraco", a mulher é "co-herdeira"da graça da vida. Ou seja, igual ao homem perante Deus. Eles negavam haver diferença, exatamente porque essa diferença em sua cultura, e em sua época, não se limitava apenas ao aspecto físico. Para eles, alma feminina difere da alma masculina, a origem feminina difere, o corpo da mulher difere, a "lei divina" difere.

Se para judeus e cristãos a mulher é tratada dessa forma em relação ao homem, o que se dirá do islamismo? Vejamos uma amostra: "Para o pensamento ortodoxo muçulmano, a mulher vale menos do que o homem, explica Leila Ahmed, especialista em estudos da mulher e do Oriente Próximo da Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos. "Um 'infiel' pode se converter e se livrar da inferioridade que o separa dos 'fiéis'. Já a inferioridade da mulher é imutável", escreveu Leila num ensaio sobre o tema, em 1992."(Veja - Editora Abril, em "O papel da mulher no islamismo").

Que culpa a própria mulher tem nesta condição inferiorizada? Esse talvez seja o primeiro e único argumento usado por homens que cometem crimes sexuais, acredite. Um exemplo pode ser tirado de um fato recente, em que uma indiana foi morta por estupro coletivo. Um líder religioso disse que "a mulher morta no estupro era parcialmente culpada por tudo, já que poderia se ajoelhar e rezar durante ato".

A culpa da jovem morta, segundo o indiano: não invocar Deus. Mas não apenas a falta de religiosidade é apontada como parte da culpa feminina, a sensualidade da mulher muitas vezes é citada por eles.

No islã a mulher tem o rosto recoberto por uma burca, porque ela precisa não corroborar com o desejo masculino. Desnecessário é dizer quão culpáveis elas seriam caso mostrassem a pele mais do que poderiam e sofressem uma violência, segundo os preceitos religiosos do muçulmanismo.

No mundo dos homens, é evitado olhar para o portador do desejo como culpado. Ao invés disso, é mais cômodo olhar para o objeto do desejo, a mulher. Nessas culturas radicalistas é praticamente impossível admitir que cabe somente a cada alma a responsabilidade sobre o que lhe apetece ou não. O fundamentalismo não admite questionamentos, é inflexível e duro como uma rocha. E o que é pior, é feito por homens, em favor de homens.

No ocidente isso é superado? Não. Nós ocidentais somos semelhantes. Apenas em grau moderado atentamos contra a dignidade da mulher. No Brasil do século XXI a educação dos homens ainda passa por uma imposição da sociedade no sentido de uma vida sexual precoce e intensa, enquanto que para as mulheres é cobrado o inverso. Homens ainda precisam casar com mulheres virgens e mulheres ainda precisam, ao menos, terem o mínimo de relações sexuais antes do casamento.

Muito recentemente uma jovem leiloou a virgindade. E o que isso revela? Que a virgindade feminina perdeu o valor? De foma alguma, ao contrário, isso revela, de uma forma grotesca, o quanto os homens valorizam a virgindade da mulher, no entanto de uma foma triste: como objeto(está explicado aqui o cabeçalho deste artigo?).  E antes que alguém pense que eu critico em particular a jovem que leiloou sua virgindade, não a critico, mas prefiro olhar para as inúmeras moças que fizeram a mesma coisa, leiloando-se em seus relacionamentos, muitas vezes em troca de um status social ao lado de uma rapaz socialmente bem visto, ou o contrário, já que rapazes "perigosos" são vistos como bons provedores, do que eu não sei.

Uma mãe, em uma família de baixa renda e pouca formação educacional, diz para a filha: "a moça precisa se formar(em alguma faculdade) para arranjar um bom casamento". Note com ela transfere para o futuro genro o poder de provedor da casa de sua filha. Poderíamos até dizer que esse conceito é típico apenas de pessoas de pouca formação, mas na verdade eu acredito que toda a nossa sociedade pensa da mesma forma. Veja como milhares de mulheres e homens depois que se formam ainda tem que provar na prática a competência de seus conhecimentos teóricos. O que aquela mãe acha é que seu genro o precisa, sua filha, não.

Nosso homem moderno tem o dever ancestral de exercer dai por diante suas habilidades de "caçadores", enquanto que nossa mulher moderna ainda permite-se ser isenta dessa exigência. Isso é dela? Existe uma culpa feminina em sua condição de co-adjuvante do homem, eu concordo. A questão é, isso faz parte da natureza feminina ou ela é uma imposição, não de uma sociedade, mas de uma humanidade patriarcal? Responda quem souber.

Vamos assistir a um comercial de TV muito recente que nos remete a uma ideia mais clara do que estamos falando:
Segundo a ideia lida do anúncio, a mulher é uma sonhadora, e não uma batalhadora. Mas ela não vai à luta, porque seu marido vai em seu lugar. A parte que lhe cabe é preparar a casa para a chegada do marido, do trabalho. A profissão dele é exaltada, porque ele é inteligente. A inteligência dele implica-se nas qualificações profissionais, enquanto que a inteligência dela implica-se em escolher, ou conquistar, o homem ideal, que impreterivelmente deve ser capaz de manter uma casa, claro, para ela cuidar, deixar limpa e cheirosa.

Considerando que as agências de publicidade acertam em cheio na mídia, no gosto médio da população a que se destinam, avalie a posição aceita pela mulher moderna e reflita como ela ainda é conivente com uma situação de co-adjuvante do homem na sociedade. Quantas mulheres aceitam bem a posição de primeira-dama nos cargos públicos de seus respectivos maridos? Praticamente todas. Agora, quantos homens aceitam o contrário, ou seja, a posição de primeiro-cavalheiro, quando as autoridade públicas são suas respectivas esposas? Eu diria que tão poucos que esse termo chega a ser desconhecido. E isso não reflete só o quanto existem poucas mulheres "poderosas", mas reflete o quanto elas toleram melhor posicionarem-se em segundo lugar, contanto que seus respectivos homens ocupem o primeiro. Em fim, a mulher ainda se realizar através do homem, desistindo de experimentar seu potencial, feminino sim, jamais inferior.

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