Bento XVI renunciou ao papado. A notícia percorreu o mundo nesta segunda-feira,11/02/2013. Sua saída está marcada para 28 do mesmo mês. Apesar de nova notícia, a renúncia parece algo já pressentido. Logo depois que este Papa assumiu o papado, em 2005, ouvi de um católico carismático a seguinte frase: Esse ai não é Papa, João Paulo II sim. Penso que a opinião dele refletia a de outros de sua comunidade.
A renúncia de Bento XVI parece mais uma crise de vocação. Alegou a idade("sem forças")mas uma coisa é certa: a saúde dele aos 85 anos é bem melhor que a de João Paulo II aos 84, quando morreu.
Se a fumaça branca da chaminé da Capela Cistina foi de fato uma manifestação da escolha de Deus, como se crê segundo o catolicismo, Bento renuncia contra essa vontade divina. Segundo a Bíblia, o profeta Jonas também teria relutado em cumprir a missão divina a ele atribuída, e enquanto fugia pelos mares, o Senhor o fez ser engolido por um peixe e cuspido na praia, exatamente onde ele não viu senão obedecer.
Mas afinal, teria sido a vontade de quem que Bento fosse o Papa? Dos poucos mais de cem cardeias? Dos fiéis? De Deus? Seja quem for, sua renúncia é um "não" a essa vontade. E um não fora de hora, já que ele poderia ter recusado logo após ser anunciado escolhido, pouco antes do "habemus papam".
Um Papa só deixa de ser Papa quando morre. Assim, mesmo afastado do ofício de bispo supremo da Igreja Católica, Bento será o segundo Papa junto com o novo que virá. A Igreja seguirá com dois Papas até que um morra. Mas, se o Papa é o sucessor de São Pedro, logo, qual dos dois é o sucessor de fato, se os dois são Papas? A Igreja vai assim, remendando o remendo do remendo, como bem afirmou o próprio bento, em 2005, que a barca de Pedro estava afundando, numa referência ao afastamento dos fieis da igreja.
Afundando no mar da vida, a Igreja Católica ainda corre o risco de uma divisão, como a que separou Católicos Romanos de Católicos Ortodoxos, entre os fiéis simpáticos a Bento e os que se afeiçoarem ao Papa que virá. Para haver um "racha" não precisa de mais nada além de dois pontífices vivos.
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