quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

São Paulo, meu muito obrigado, mas Pernambuco me chama!

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"Quando cheguei 
nesta cidade 
eu assim

Cheio de sonhos
e de vontades
dentro de mim.

Fiquei sozinho
nesta cidade
das multidões

Como falar
Com as pessoas
se eram milhões

Andar nas ruas
era um mistério
no meu olhar

O que fazer,
pra onde ir,
onde ficar..."(Amado Batista)


Nasci em 1973. Cheguei em São Paulo no ano de 1993 e deixo esta cidade em definitivo no ano de 2013, exatos vinte anos depois. Sendo assim, foram 20 anos em Pernambuco e os outros 20 em São Paulo.

Nesse meio termo, cheguei a dormir na rua por uma noite. Na noite seguinte, consegui trabalho e um empréstimo para pagar antecipado a mensalidade de uma pensão, na cidade de Jundiaí.

A lembrança mais remota de quando me senti sozinho na chegada remete a três cenas inesquecíveis: A primeira, quando desembarquei de um ônibus clandestino na rodovia Presidente Dutra, em Guarulhos(logo na entrada, para quem chega do Nordeste). Eu não sabia se seguia para a direita ou para a esquerda, pois não faria a menor diferença para mim que não era esperado.

A segunda, quando fiquei na passarela da estação da Luz, indeciso, se seguia para Guaianazes(zona Leste) ou Jundiaí(interior). Tirei para o interior.

A terceira vez foi quando me abriguei da garoa embaixo de uma marquise num inverno frio e sem emprego. A coisa mais difícil foi ver as famílias, os casais e seus filhos, indo para a pizzaria do lado. Eu me senti a pessoa mais rejeitada por Deus.

Como sou iluminado por Deus, isso foi só por uma noite. No dia seguinte, o calor da casa noturna onde fui trabalhar como bar-man veio ao meu encontro com um pouco de sorte.

No ano seguinte o Brasil ganharia a Copa(1.994) e eu ganhava amigos, trabalho e sonhos. Sonhava em conseguir dinheiro para voltar e casar com a moça mais bonita de Pernambuco.

Os anos foram se sucedendo sem realizações prováveis e eu apenas continuava lutando. Trabalhei em várias empresas, mas sempre ganhando pouco por causa da baixa formação escolar e profissional.

Voltei diversas vezes ao meu Pernambuco. Nunca avisava para os familiares e sempre os surpreendia com minha chegada repentina num final de tarde. Chegava junto com o 
pôr do sol.

Em 1998 eu olhava o sol vermelho. Me consolava em ver que aquele sol era um ponto no espaço que eu e meus parentes queridos tínhamos em comum. Neste caso, a distância de dois mil e quinhentos quilômetros que nos separava parecia perder o sentido sufocante.


Mas os meus irmãos, outrora deixados ainda crianças, a cada visita já eram maiores. Em pouco tempo, ficaram homens feitos na minha ausência. Nós que éramos tão ligados. Meu pai e minha mãe foram embranquecendo os cabelos de saudades, e eu ganhava linhas de expressão em meu rosto cansado.

Em 1999 Deus me abençoava com o reencontro de alguém muito especial. Uma pessoa cujo nome estava nas cartas que eu guardava comigo. Fora isso, um sorriso jovial e feliz(não se sabe porque), estampava uma fotografia dela, algo a que eu sempre recorria como um devoto recorre ao santo favorito. E ela finalmente disse SIM para um pedido de casamento feito por mim. A decisão mais séria de toda a minha. Algo que de fato transformaria sonhos em realidade.

Olhar minha mulher nos olhos, tê-la em meus braços, era algo que eu só acreditava porque de fato estava acontecendo.


Nos casamos em 08/01/00, data escolhida por ela. Depois de escolher a mim, todas as suas escolhas são por mim aprovadas, afinal sou o maior beneficiado.

Em 2002, nosso primeiro filho, cópia perfeita das minhas imperfeições, salvo à beleza emprestada da mãe, por sorte.

Em 2004, o segundo, ainda mais parecido comigo, só não tão feio quanto eu.

Não tenho do que reclamar. Volto para Pernambuco sem nenhum tesouro além do que posso levar no coração e no espírito. A experiência de quem viveu plenamente os sabores e dessabores da cidade de São Paulo. Lembranças de alegrias inconfessáveis. Segredos que morrem numa esquina qualquer(mas jamais no meu coração).

Fecho assim este capítulo da minha história para recomeçar um novo em minha terra querida. Me espere Pernambuco, que eu já vou! Viu?!

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