segunda-feira, 25 de março de 2013

Suicídio agendado - Homem determina a hora de morrer

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Ela estava definitivamente convencido de que sua vida não dera certo. E para contrariar as teses da psiquiatria e da psicologia, queria um suicídio consciente. Estava disposto a por fim à própria vida de forma sóbria, tranquila e sem manifestar desespero algum.

Nequinho, como era conhecido Manoel, o protagonista desse triste episódio, havia tentado muitas formas de ver a vida com bons olhos. Ele se esforçou por acreditar que otimismo e muito afinco leva ao êxito em qualquer coisa que se empenhe, mas as inúmeras derrotas provavam sempre o contrário. Leu vários manuais de autoajuda, receitas de sucesso, seguiu á risca projetos por outros bem orquestrados, mas em tudo que pôs a mão viu o insucesso.

Na agricultura, teve seus esforços aplicados, mas em 10 anos, ouve algo muito parecido com as dez pragas do Egito. Em um ano, perdeu a lavoura para as pragas. No outro, faltou chuva para germinar a semente, mesmo na temporada apropriada para o cultivo. No terceiro ano, ele pode constatar que a esperança nunca deve morrer, mas só até a época da colheita, quando as fortes e incessantes chuvas apodreceram sua safra no campo. Os anos seguintes, por outros motivos, ele não lucrou um grão sequer.

Na pecuária, viu o gado morrer de cede, outras vezes, as cheias ilharam seus animais e ele perdeu as reses para a enchente. Tentou de novo a febre aftosa consumiu seu rebanho. Outras vezes, o banco tomou para pagar dívidas geradas de tentativas anteriores. Alguém havia dito-lhe que devia investir, e ele ele investira para tornar-se devedor.

Nequinho observava como tudo o que ele tocava virava lama, ao contrário do Rei Midas. Algumas pessoas perceberam a sobra negra do fracasso que pairava sobre ele, tanto que passaram a desaconselhar que ele abrisse um negócio concorrente, mas não pela concorrência em si, e sim pela onda de coisas erradas que incidiam sobre as atividades adotadas por ele.

Ele costumava dizer que para haver chuva bastava que ele investisse em uma cerâmica. Em contrapartida, para que o sol chegasse bem perto da crosta terrestre queimando tudo, bastaria que ele instalasse uma horta. A natureza ia sempre em sua contra-mão.

A idade avançou sobre os cabelos brancos de Nequinho e seu rosto ficou sucado de expressões de um riso triste. Ele resolvera pôr um fim a tudo. Se mataria diante das câmeras, tranquilo, sóbrio, simpático com a morte que se seguiria. Colou cartazes nos posts da pequena cidade onde morava nestes últimos dias avisando que tinha o direito de morrer e o faria sem impedimentos de nada nem ninguém.

A cidade entrou ficou chocada com a natureza de seu feito. No dia, Nequinho pôs-se em local fora do alcance de quem por ventura tentasse impedi-lo, mas que todos o vissem, minuto a minuto, praticar seu rito de morte.

Com os olhos paralisados, toda a população viu Nequinho tomar um litro de folidol. Ele bebeu de um só gole e limpou o canto da boca. Alguém notou que apenas o cheiro desse veneno é suficiente para derrubar um elefante no intervalo entre uma batida e outra do coração. Mas Nequinho estava ainda de pé. Vnedo seu fracasso, recorreu á pistola de 20 tiros, que falhou bala por bala. Mas ele ainda tinha dois últimos trunfo: Um era subir até o cume da torre de alta tensão e deixar-se eletrocutar, o outro, pular dos 120 metros de se espatifar na capa de asfalto da rua.

Nequinho subiu, degrau por degrau, até que tocou o cabo da grossura de garrafa térmica. Na ocasião, estava faltando energia. Desanimado, estava quase desistindo de matar-se quando abriu os braços e soltou-se no espaço. Foi quando o o cós da calça enroscou na estrutura e ele então ficou suspenso, e o píor, ou talvez o melhor, é que ele não podia se soltar. Desta forma, ele foi salvo pelos bombeiros que de lá o tararam com vida. Ele tentaria outra vez, afinal, a esperança é a última que morre, concluiu.

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