quarta-feira, 11 de abril de 2012

A solução definitiva para a questão do aborto em casos de anencéfalos

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Os ministros brasileiros são finíssimos. Falo com total sinceridade, não com o sarcasmo costumeiro com que "elogio" nossos políticos em minhas críticas aqui no blog. Eu realmente estou impressionado com a finesa e classe dos ministros que votam na lei que legalizará a interrupção de uma gestação em caso de fetos anencéfalos(sem cérebro).

Enquanto eles votam, ainda a pouco tínhamos 5 votos a favor, na parte externa do STF(Superior Tribunal Federal) grupos religiosos protestam contra a legalização do aborto nestas condições. Se o nosso país fosse governado por uma ditadura ou algum regime socialista, tenho certeza de que a discussão seria resolvida facilmente. Eu sugeriria então o seguinte: alguém pegue uma prancheta e formulários em branco e comece a tomar os nomes das pessoas que manifestam indignação contra a decisão que está em votação neste momento. Pegue-se o nome de um por um deles. Quando alguém perguntar, diga-lhes apenas que "o governo resolveu ouvi-los".

Depois de tomados os nomes de todos os religiosos que são contra a interrupção de uma gestação em caso de feto anencéfalo, faça-se o seguinte discurso:

"Atenção todos voces que são a favor da manutenção da vida mesmo em caso de fetos sem cérebro! Nós discutimos durante muito tempo sobre a quem diz respeito a decisão sobre a continuação ou não da vida nestes casos. Primeiro, o que é a vida? A vida (do latim vita) é um conceito muito amplo e admite diversas definições. Pode-se referir ao processo em curso do qual os seres vivos são uma parte; ao espaço de tempo entre a concepção e a morte de um organismo; a condição de uma entidade que nasceu e ainda não morreu; e aquilo que faz com que um ser vivo esteja vivo. Metafisicamente, a vida é um processo contínuo de relacionamentos.

Nós acreditamos ainda que a vida pressupõe uma consciência daquele que está vivo sobre seu estado físico. Um ser humano vivo que não tem cérebro, e portanto sua consciência é ausente, é igual a um vegetal. E nós todos os dias colhemos vegetais em nossos hortas, ou alguém os colhe para nós, sem que façamos arguição de consciência sobre a vida ali interrompida.

Nós também acreditávamos que este fosse um assunto para os pais e a família envolvida em um drama como este resolverem. Porém, descobrimos, graças a manifestação de voces(religiosos), que este também é um assunto da Igreja, da religião. Portanto, já sabemos, graças aos seus protestos com cartazes e faixas, que voces também estão dispostos a fazer algo por estes fetos anencéfalos. A pergunta é: até que ponto voces estão dispostos a se envolverem com a causa? Qual o grau de envolvimento a que voces se comprometem? Aqui, em nosso meio, um ministro linguarudo, ao qual não demos ouvido, diga-se passagem se isso vos alegra, disse que o envolvimento de voces se resume a protestar. Que o envolvimento de voces não vai além de estender faixas e acampar na frente do STJ para posar em fotos para os jornais. Disse também o linguarudo ministro que daqui a um ano, perdendo essa causa que defendem ou não, cada um de voces estará envolvido com os assuntos do próprio umbigo. Que os religiosos são "caroneiros" em assuntos polêmicos do Estado só para jogar uma cortina de fumaça sobre assuntos polêmicos e criminosos da própria religião, como a omissão do Papa ao holocausto dos judeus, como os assassinatos da igreja aos curandeiros da Europa, com o inferno da maldita inquisição e o ajuntamento de tesouro no Vaticano.

E para calar tal ministro, nós colhemos vossas assinaturas, porque ao proibir legalmente a interrupção dessas gestações, o Estado quer que os "defensores da vida" continuem defendendo-a. Mas quer também que essa defesa vá além do simples espalhamento de faixas e panfletos, que cada cidadão alistado nesse "exército da vida sem cérebro" dedique a cada mês 4 dias de acompanhamento aos seus defendidos. A igreja terá que arcar, tirando parte de seu tesouro, com a criação de uma infraestrutura para apoiar essa manutenção de vida, não apenas limitando-se a "meter o bedelho" e recuar para trás das sacristias. O padre, o Arcebispo, o Bispo e o Papa terão que "botar a mão na massa", literalmente, cuidando das mães e desses fetos que morrem semanas após nascerem, com psicólogos para apoio ao trauma, já que uma coisa é interromper uma gestação que nem chegou a formar volume no útero, mas a outra é manter por nove meses um feto que, sabe-se, morrerá como a erva dos telhados. As velhinhas religiosas, os beatos, os pastores das igrejas protestantes, e todos aqueles de quem se colheu o nome hoje aqui, que tão beligerantes defenderam a vida de corpos sem cérebros, terão que contribuir, não apenas financeiramente, mas efetivamente, presencialmente, com a despesa que essas vidas anencéfalas demandam através de ONGs, aos invés de investir em canais de TV e fazendas no Mato Grosso do Sul ou construções suntuosos de "shoppingcenters" da fé, cruzeiros e turismos à Terra Santa.

Isso porque pensávamos erroneamente que o assunto diziam respeito apenas ao Estado (o governo) e as famílias envolvidas. Porque, enquanto assim pensávamos, discutíamos também apenas neste âmbito: cidadão, versos, Estado. Com a participação da Igreja e de grupos religiosos, no entanto, sentimos que há mais gente voluntária para cuidar diretamente da causa, e não apenas jogar gasolina na fogueira dos outros. Muito bem, alguém falta dar o nome?!"

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